ENERGIA LIMPA

A hora e a vez do Sol

O mundo se rende à energia solar fotovoltaica, novo ativo estratégico planetário,

uma solução econômica, tecnológica, ambiental, geopolítica e social

por Fernando Storto – FEJ Engenharia*

O mundo está de olho no sol. Depois de quase 200 anos do desenvolvimento da primeira turbina, do dínamo e do transformador… – e depois de menos de 150 anos do uso das primeiras termoelétricas e hidroelétricas no mundo, uma nova revolução tecnológica se instala: é a geração de energia elétrica através da captação de energia solar. Muito mais que apenas tecnologia, esse advento é símbolo de um desenvolvimento que alcança muito além de apenas uma “nova” fonte de energia para a o planeta.

No gargalo de um modo de vida predador e abusador dos recursos naturais da Terra, chefes de Estado e altos representantes dos 193 países membros integrantes da Assembleia Geral da ONU adotaram, em 2015, o documento intitulado “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, um plano de ação onde se integra um conjunto de “17 Objetivos de Desenvolvimento”, entre os quais o Objetivo 7 é assegurar, até 2030, o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia às populações, aumentando a participação de energias renováveis – com substancial destaque para a energia solar, na matriz energética global.

No contexto desses objetivos, o Brasil tem uma condição estratégica privilegiada, com um vasto território e condições climáticas favoráveis.  Por isso o Brasil entrou, no ano passado, para o grupo das 20 principais nações produtoras de energia fotovoltaica no mundo, ocupando a 16º posição. Em comparação a 2018 e 2019, com uma ascensão de cinco posições, sendo o único país da América Latina que se destacou como um dos grandes geradores de energia solar.

Segundo o Ministério de Minas e Energias – MME, essa transformação já vem acontecendo há mais de 20 anos. Nesse período, também por conta do envelhecimento da frota hidrelétrica do país, demonstrado por inúmeros apagões em anos recentes, as usinas hidrelétricas baixaram de 82,9% para 60,9% na participação entre as fontes de geração elétrica no país. É assim que, entre as principais diretrizes estratégicas do Plano Nacional de Energia 2050, lançado ao final de 2020, está continuar com o foco no setor energético renovável, com atenção especial a estruturar a integração da fonte solar fotovoltaica no sistema elétrico, que já representa 4,4% da matriz elétrica brasileira atual.

Nesse mesmo fluxo, a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel estima que em 2024 haverá 1.200.000 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados no país. Convergindo para uma interessante “similaridade” de números, um estudo do Fórum Econômico Mundial indica que, se o Brasil continuar investindo em energia limpa, como a solar, 1,2 milhão de empregos podem ser gerados até 2025, assim como favorecerá a abertura de milhares de novas empresas em toda a rede de serviço associada a esse mercado. Isso também gera oportunidades para empresas como a FEJ Engenharia, uma das 400 primeiras no país a atuar nessa área, aproveitando a sua oportunidade e atendendo clientes como o Grupo GPA, Ponto (antigo Ponto Frio, Casas Bahia, Fabril Scavone e Via Varejo.

Brasil – Marco legal e linhas de crédito

A competitividade de custos da energia solar fotovoltaica é cada vez mais um impulsionador do investimentos e negócios. Na maioria dos países, desenvolvem-se novas estruturas regulatórias e políticas mais adequadas para a viabilização deste serviço. No Brasil, o Projeto de Lei 5.829/19, conhecido como o Marco Legal da Geração Distribuída Solar, aprovado dia 18/09/21 na Câmara dos Deputados, com apoio do MME, da Aneel, da ABSOLAR e da  Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – Abradee, traz mudanças legislativas que visam regulamentar o setor para além das resoluções administrativas promulgadas até agora pela Aneel, incentivando a micro e a mini geração de energia.

Junto com isso, diversas linhas de financiamento são disponíveis tanto para empresas quanto para clientes comuns.  A maioria dessas linhas são destinadas a projetos de pequeno e médio portes (até 5 MW), e são oferecidas através de bancos públicos e privados (BNDES Finame – Solfácil, Sicredi, Banco do Brasil, BV Investimentos, Santander, FNE Sol, Banco da Amazônia, Losango…), muitas das quais permitindo que o pagamento seja feito com a própria economia obtida com a energia solar fotovoltaica, tornando esses sistemas mais  acessíveis para todos.

Mundo – Tendência irreversível

É grande a luta global por uma matriz energética mais sustentável. De acordo com o Relatório de Tendências Globais de Investimento em Energia Renovável de 2020, do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com a Bloomberg NFE, os custos para a instalação de energia limpa em todo o mundo diminuíram. A queda, segundo o estudo, é uma oportunidade de recuperação econômica global após a pandemia gerada pelo novo coronavírus.

Já o Relatório de Status Global REN21 (GSR), uma Rede de Políticas de Energias Renováveis ​​para o Século 21 – grupo de governança multissetorial que reúne governos, organizações não governamentais, instituições acadêmicas e indústria, aponta que a China continua a dominar o mercado global de fabricação de energia solar fotovoltaica, com uma participação de quase 35% (contra 27% em 2019). A Ásia superou todas as outras regiões em novas instalações, respondendo por quase 58% das adições globais. Mesmo excluindo a China, a Ásia foi responsável por cerca de 23% da nova capacidade em 2020, sendo seguida pelas Américas – com 18%, que ficou à frente da Europa – com 16%.

Os cinco principais mercados nacionais – China, Estados Unidos, Vietnã, Japão e Alemanha – foram responsáveis ​​por quase 66% da capacidade instalada em 2020. Os cinco mercados seguintes foram Índia, Austrália, República da Coréia, Brasil e Holanda.  O Brasil manteve a liderança regional em adições anuais e ultrapassou o México (5 GW) em capacidade total, encerrando o ano com 7,7 GW. As instalações do Brasil nesse mesmo período aumentaram 68,6% em relação ao ano anterior.

Reforçando essas tendências, o governo dos Estados Unidos divulgou nesse mesmo setembro/21 um plano para que a energia solar seja responsável por garantir 45% do fornecimento elétrico do país até 2050, meta que visa transformar o setor nacionalmente e combater a crise climática global.

Vemos, assim, que a demanda por energia solar fotovoltaica está se espalhando e se expandindo à medida que se torna a opção mais competitiva para geração de eletricidade em um número crescente de países, tanto para aplicações em residências e comércios como em indústrias, em serviços públicos e em outras áreas. Na indústria automotiva, por exemplo, especialmente na Ásia, já se desenvolvem inúmeros projetos para incorporar células solares em veículos elétricos.

Além da competitividade de custos e apelo público, a consciência dos múltiplos benefícios da energia solar ​​aumentou durante os últimos anos, incluindo melhoria da saúde pública por meio da redução da poluição, maior confiabilidade, acesso a serviços modernos de energia e criação de empregos. Muito do investimento e apoio às energias renováveis ​​tem se concentrado na aceitação social e econômica da transição energética.

Independente do porte da usina ou projeto solar, o payback do investidor acontece em condições bem favoráveis – variando de 2 a 5 anos. Como um painel solar possui durabilidade mínima de 25 anos, o retorno será sempre satisfatório. À medida que o nível de penetração aumenta, a variabilidade da energia solar fotovoltaica tem um efeito crescente nos sistemas elétricos e econômicos – pessoais, empresariais ou nacionais, amplificando a importância de integrar eficazmente a energia solar em condições técnicas e de mercado variáveis ​​de uma forma justa e sustentável. Ou seja: o futuro chegou!

FERNANDO STORTO – Engenheiro elétrico, é diretor técnico da FEJ Engenharia, empresa especializada em projetos na área de energia solar. Contato: 11 99958 9933 – e-mail fernando@fejengenharia.com.br

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